O som e o sentido da música de Schoenberg
Por Jorge L Santos
Escrito em maio/2008[1] | Revisado: Abril/2018

Autorretrato – Schoenberg
Arnold Schoenberg talvez seja o artista que melhor represente o século XX. Sua sólida formação intelectual caminha de mãos dadas com a tradição mais severa da cultura germânica. Entretanto, seu espírito inovador criou uma das rupturas de maiores consequências na música do último século. Como afirma, ele está com os dois pés enraizados na tradição:
My teachers were primarily Bach and Mozart, and secondarily Beethoven, Brahms, and Wagner. I also learned much from Schubert and Mahler, Strauss and Reger too. I shut myself off from no one, and so l could say of myself: my originality comes from this: l immediately imitated everything l saw that was good, even when l had not first seen it in someone else’s work (Schoenberg in BURKHOLDER, GROUT E PALISCA, 2006)
Esse pequeno excerto, tirado a partir de escritos de Schoenberg, demonstra como o compositor austríaco estava profundamente ligado à tradição musical dos países de língua alemã. Se, de um lado, o compositor buscava a referência dos grandes mestres, do outro, considerava que era obrigação de um artista de seu tempo dar o passo adiante:
I am convinced that eventually people will recognize how immediately this “something new’ is linked to the loftiest models that have been granted us. I venture to credit nyself with having written truly new music which being based on tradition is destined to become tradition. [IDEM]
Para Schoenberg não havia contradição entre tradição e inovação, mas sim um impulso natural para a continuidade da linguagem musical em busca de novos paradigmas. O próprio compositor era, em alguma medida, parte daquilo que chamamos de Romantismo Tardio, no qual o tonalismo já se demonstrava exaurido em suas relações hierárquicas, àquela altura, já profundamente marcado por um cromatismo arraigado e pela inclusão de “escalas estranhas ou exóticas” ao sistema.
O caminho para ruptura completa com o sistema tonal realizado por Arnold Schoenberg era, assim, inevitável. A decisão de dar esse passo, embora parecesse quase natural para compositor austríaco, era repleta de armadilhas e incertezas. Como se a própria música clássica estivesse entrando numa de fase de turbulências e caos ante a profunda e enraizada tradição formal da música europeia. Para muitos, foi exatamente isso que aconteceu com a música de concerto.
O período de atonalismo livre é marcado, então, por cautela e obras breves, ou vinculado a algum tipo de amarração formal como é o caso de Pierrot Lunaire (1909), na qual o texto serve à tentativa de dar alguma organização a uma linguagem musical ainda nascente.
O passo seguinte dessa aventura levou quase uma década para ser alcançado, o serialismo. A música serial dodecafônica era a organização que Schoenberg tanto buscava. Certamente, incomodava bastante ao mestre austríaco escrever uma música que não desse continuidade a profunda tradição e rigor formal da música germânica. O serialismo de doze tons é antes de tudo um sistema, uma infraestrutura que não precisa estar perceptível aos ouvidos, mas, assim como a base ou as vigas de um prédio, é o que dá sustentação ao que os ouvidos escutam.
Schoenberg é talvez um dos compositores mais completos daquilo que chamamos de Música Ocidental. Sua inovação, profundamente ligada à tradição musical de sua região, como dito, faz dele um inovador com poucos precedentes. Sua mente musical pode ser alinhada, guardado o tempo histórico, às de Cláudio Monteverdi e Ludwig von Beethoven, no que concerne o total domínio das velhas e novas práticas artísticas, do fato de serem ao mesmo tempo o antes e o depois, de serem pontes.

Schoenberg no Exército Austro-húngaro em 1916 na I Guerra Mundial
Schoenberg é talvez um dos poucos indivíduos que entendeu e traduziu sob signos musicais o espírito de seu tempo, marcado pela exaustão e decadência de um mundo que, em 1914, ruiu.
Bibliografia
GRIFFITHS, Paul A música moderna: uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez,vRio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.
GROUT, Donald J, PALISCA, Claude V., BURKHOLDER, J. Peter. A History of Western Music. Seventh Edírion, New York, N. Y., 2006.
[1] Escrito originalmente para a disciplina História da Música Moderna e Contemporânea do Instituto Villa-Lobos/UNIRIO
Projeto Baixo Clero convida Bruno Ferrão – Concerto II – Itaperuna/RJ
Prezados,
Na próxima sexta dia 11.08.2017 as 20h teremos o concerto II do Projeto Baixo Clero convida Bruno Ferrão. Essa apresentação será na cidade de Itaperuna, no norte fluminense. O concerto contará com a participação especialíssima da jovem camerata opus 21 dirigida pelo baixo clerista André Codeço.
Eis o link para o evento no Facebook: http://bit.ly/2vo6FJE
Nossa fanpage: https://www.facebook.com/projetobaixoclerocompositores/
Crítica sobre CD Quebra o Coco Revista A3
Prezados,
O musicólogo e professor Rodolfo Valverde escreveu uma resenha crítica para Revista A3 sobre o Cd Quebra o Coco de Andreia Lira, do qual participei como diretor musical e compositor de uma canção. Abaixo a crítica em imagem e também o link para o site da revista aqui
Em PDF: Artigo Andreia Lira Revista A3
Entrevista: Podcast Audições Brasileiras Portal Café Colombo
Prezados,
Desde o dia 11.11.2015 está no ar no site do Portal Café Colombo a entrevista que dei para o podcast Audições Brasileiras do jornalista Carlos Eduardo Amaral. Na entrevista, além de falar brevemente dos meus projetos passados e presentes, discuto com ele questões como o ruído na música, a flexibilização do modelo de apresentação da música de clássica, as “igrejas” e “cleros” existentes no diminuto mundo da música contemporânea clássica brasileira entre outra amenidades.

Página de entrada do Portal Café Colombo
Logo após minha participação, vem uma breve mas bem animada conversa do jornalista com a cantora Andreia Lira, falando sobre o seu CD Quebra o coco, para o qual escrevi a canção “Por que sou forte” e também contribuí na direção musical.
Para ouvir basta acessar o site no link abaixo. É possível baixar para ouvir em outro momento também.
http://www.cafecolombo.com.br/programas/audicoes-brasileiras-6-entrevista-jorge-santos/

Carlos Eduardo Amaral, Andreia Lira e Eu – Set 2015 – Recife
Agradeço desde já aqueles que tomarem um pouco do seu tempo para ouvir, comentar ou compartilhar
Forte abraço
1˚ Concerto de Lançamento do Cd Quebra o Coco de Andreia Lira e o que Eu Tenho Com Isso.

Prezados (english below)
Esta semana, no dia 08.10.2015, estarei participando do concerto de lançamento do Cd Quebra o coco da cantora carioca radicada em Juiz de Fora, Andreia Lira. Ainda que modesta, minha participação se deu de três formas:
1) Direção Musical: título talvez pareça mais do que é, mas basicamente foi ser um “ouvido externo” ao já consistente trabalho dela, Andreia Lira, com o pianista Marcos Lopes e com a percussionista Flávia Lima.
2) Composição: Escrevi uma canção especialmente para o Cd , intitulada “Por que sou forte“. O texto é da poetisa brasileira da segunda metade do século XIX, Narcisa Amália cuja a pouca fama mesmo no mundo “letrado” só se explica pelo machismo estrutural em cada recanto deste país.
3) violonista: essa é a mais diminuta das participações. O Cd é inteiro de voz e piano, com algumas faixas incluindo percussão. A exceção está exatamente na minha peça feita para violão e voz a pedido da própria cantora.
Fica meu agradecimento à Andreia Lira pela confiança e os parabéns pelo ótimo resultado do Cd que estará disponível para venda diretamente com ela, em algunas lojas físicas em Juiz de Fora, Belo Horizonte e Rio de Janeiro e no Itunes, Amazon, Spotify etc. (Também terei alguns exemplares disponíveis)
Dear friends,
This week, on Oct 8th 2015, I will be part in the release concert of the Cd Quebra o coco by the brazilian singer Andreia Lira. Althought very smal, my participation was basically in three spheres:
- Musical Direction: It may sound pretentious but my role there was to be a sort of “external ear” to the already consistent work of Andreia and pianist Marco Lopes and also the percussionist Flávia Lima.
- Composition: I wrote a song specially for the Cd named “Por que sou forte” (Why am I strong) after the poem by a nineteenth century poet, Narcisa Amália, a pioneer as female poet and journalist.
- Guitarist: a minor role since the cd is entirely for voice and piano, with some track with percussion, being my song the exception.
I wish to thanks to Andreia for the invitation and confidence as well as greeting her for the great musical result the album reached. The album is already available in its physical format in some stores in Juiz de Fora, Rio de Janeiro and Belo Horizonte and also is available on Itunes, Amazon and other virtual stores.
Serviço
1˚ Show de Lançamento – Cd Quebra o Coco – Andreia Lira
Data: 08/10/2015 – 20h
Local: Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora
R. Oscár Vidal, 134 – Centro, Juiz de Fora – MG Fone: (32) 3218-1020
Entrada: R$1
Músicos: Andreia Lira, voz, Marcos Lopes, piano, Flávia Lima, percussão
Part. Especial: Jorge L. Santos, violão
Teaser do CD: https://youtu.be/qLa6YjxQ2rU
Repertório do CD
1- Quebra o Coco (Camargo Guarnieri) 2- Vamos dar a despedida (Camargo Guarnieri) 3- Não se impressione (Chiquinha Gonzaga) 4- Lua Branca (Chiquinha Gonzaga) 5- Coração Triste (Alberto Nepomuceno) 6- Trovas (Alberto Nepomuceno) 7- Taieras (Luciano Gallet) 8- Cantiga da Mutuca (Camargo Guarnieri) 9) Por que sou forte (Jorge L. Santos) 10)Uirapuru (Waldemar Henrique) 11- O Canto de Iracema (Leandro Renò) 12- Melodia Sentimental (Heitor Villa-Lobos) 13- Canção do Mar (Lorenzo Fernandez) 14-Dona Janaína (Francisco Mignone)
Cd Quebra o Coco – Andreia Lira (cantora) – Teaser
Prezados,
Abaixo o primeiro teaser do Cd Quebra o côco da cantora Andreia Lira, de Juiz de Fora. Tive a oportunidade de contribuir com este album de três pequenas formas. A primeira com uma composição original, a canção para canto e violão Por que sou forte, a segunda tocando violão nesta faixa e a terceira fazendo uma modesta direção musical de todo o álbum. O Cd é composto exclusivamente de música brasileira, desde o século XIX, com Alberto Nepomuceno, passando pelos principais nacionalistas como Villa-Lobos, Mignone e Guarnieiri e ainda contem duas composições inéditas de feitas para o cd. O álbum terá seu lançamento em outubro e também estará disponível em formato digital no Itunes e outras plataformas.
Em breve, postarei mais novidades sobre esse trabalho.
Gest’Ação I – para violão/guitar e/and live electronics – Live @UNICAMP
Prezados,
Abaixo vídeo da estreia da minha peça “Gest’Ação I para violão e live electronic. Essa foi minha primeira experiência com música eletroacústica e é fruto do trabalho desenvolvido numa disciplina ( Seminários Experimental “Software e Hardware Livres de Música”) na Pós-Graduação em Música da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
O processo de composição envolveu, grosso modo, um mapeamento de gestos ligados ao violão e do outro a construção de patch no ambiente de programação Pure Data com vista à transformação em tempo real do som do violão. A partitura foi escrita tendo em conta esses dois processos.
Dear visitant,
Here below you can watch the premiere of my piece “Gest’Ação I for guitar and live electronics”. It was my first experience with electronic music and its the outcome of a work developed in a class of Graduate Department of Music of State University of Campinas (UNICAMP). Basically, I worked with a classical gesture set and the development of a ~patch~ for Pure Data programming software aiming to process the sound of the guitar, from the written score, in real time.
Video: Almada N˚2 para Quarteto de Cordas – Recital de Mestrado (UFRJ)
Audio da estreia de Partículas Elementares (flauta e violão)
Audio da minha peça “Partículas Elementares” para flauta e violão estreada no recital de dezembro 2013 da série Prismas Musicais.
A peça é construída a partir de algumas poucas “notas” extraídas de uma fala repetitiva em que um morador de rua, nos arredores da minha casa, repetia em crescente enervação:
“pega essa porra…. pega essa porra… pega essa porra porra” (Ou algo semelhante)
O ritmo insistente, ainda que falado, sem um métrica precisa, ficou por longo tempo na minha cabeça, e ocasionalmente revinha, como algo curioso e engraçado..
Todo material ritmico e harmônico é construído a partir dessas poucas notas enunciadas logo no início da música.
Violão, Bruno Ferrão e Flauta, Felipe Marateo
Estreia de obra no 11º ENCUN em João Pessoa/PB e Festival Virtuosi Séc. XXI
Nesta semana estarei participando de dois eventos ligados a composição no Nordeste.
1) O primeiro será um master-class/oficina de composição com o compositor Johannes Walter no II Festival Internacional Virtuosi Século XXI em Recife. Sobre a programação: http://www.virtuosi.com.br/
2) O segundo será a estreia da meu quarteto de cordas Almada Nº 2 no dia 29.11 em João Pessoa/PB pelo “OSUFPB Cordas” no recital de encerramento do 11º ENCUN (Encontro Nacional de Compositores Universitários). Na sala Radegundis na UFPB. Detalhes aqui: http://encun2013.wordpress.com/